sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Ô maravilha!

Dizem que as novelas brasileiras são as melhores do mundo. Não tem nada que se compare à complexidade das tramas e à qualidade técnica das histórias dos nossos gilbertos, janetes, aguinaldos, manecos. Eu sempre reparei nessa superioridade quando eu via, por exemplo, os atores acordando, em alguma cena qualquer, com o rosto perfeitamente maquiado e o cabelo penteado. Que pessoal profissional! Ontem à noite tive mais uma prova, percebi de novo como as situações retratadas são verdadeiras. Assistindo ao capítulo de Paraíso Tropical, deparei com um diálogo bizarro.
Tentando reproduzir um pouco de jornalismo em uma obra de ficção, o autor Gilberto Braga coloca um personagem cozinheiro na pele de entrevistado em um programa de tevê. É uma cena curta e quase insignificante pro resto da trama, mas foi tão tosca que me fez escrever a respeito. O personagem em questão começou a novela como um frustrado e malsucedido executivo. Trabalhava na empresa em que a metade rica dos personagens da novela trabalha (a outra metade são as mulheres e filhos deles), mas não era feliz nem no trabalho nem no casamento. Só ficava satisfeito quando cozinhava.
Um dia se separou e se demitiu, foi trabalhar como cozinheiro, virou chefe, comprou um restaurante. Aí ficou famoso (viu como o sucesso vem quando se faz o que gosta? Ah, o que seria de mim sem a sabedoria da Globo?) e foi dar uma entrevista em um programa de tevê.
Chegou no estúdio e viu uma mulher meio neurótica procurando um chefe de cozinha desesperadamente, ela não encontrava seu entrevistado. O cozinheiro disse que era ele, mas ela teimava que não queria comida ali naquela hora, mas o chefe com quem tinham marcado. O personagem insistia que ele era o cara, mas a produtora não acreditava. Sabe aquelas coisas de novela? Depois de muito tempo nesse impasse, ela disse que precisava de um homem chamado Heitor, no que ele respondeu que era o próprio, e a mulher ainda conseguiu dizer um "Tá vendo? Era o Heitor que eu procurava, não você". Só aí se deu conta e pediu desculpa. Aí o encaminhou à maquiagem, lhe providenciou outra roupa e lhe deu atenção.
Fico imaginando uma situação dessas de verdade. Tudo bem que tem o estresse da produção de um programa de tevê e tal, mas o cara estava ali falando a mesma coisa sem parar e a mulher não entendia. E não era alguém que não tivesse capacidade de manter um diálogo, era, supostamente, uma pessoa inteligente.
E tudo isso para chamar a atenção para a nova personagem que estava entrando na novela para o tal cozinheiro não acabar a trama sozinho. Ô maravilha!

Um comentário:

Débora disse...

Melhor ainda foi a naturalidade da entrevista... aquela atriz esticada querendo dar uma de marília gabriela em programa de fofoca. Terrível.
Mas viva a qualidade das novelas! Senão nós não estaríamos perdendo nosso tempo vendo tv numa sexta a noite... ou melhor, Viva o ócio! Talvez seja por isso que elas sobrevivam... ehueh