quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Para morrer de rir

Esses dias estreou mais um programa de humor na Globo, o Toma Lá, Dá Cá. Não gostei. Confesso que quando vi a propaganda, há quase um mês, já me predispus a não gostar, apesar de contar com alguns ótimos atores (destaco a Adriana Esteves, com a sua Lola de Kubanacan). Deu para perceber logo de cara que era uma palhaçada forçada, tipo um besteirol americano, em que os artistas precisam fazer caras e bocas para o público rir. Mistura esse humor babaca importado com a tentativa de uma comédia tipicamente brasileira, uma combinação que claramente não deu certo. Não tem como ironizar a corrupção dos políticos daqui com uma piada exagerada ao estilo de um filme adolescente de lá.
O humorístico tenta o formato do Sai de Baixo, em uma clara imitação, que conta até com dois de seus artistas, mas não consegue a mesma naturalidade dos bons tempos de um dos primeiros sitcoms brasileiros. O sitcom é a abreviação de situation comedy, uma série de televisão encenada geralmente na frente de um público e sempre nos mesmos lugares, e que se caracteriza pelos "sacos de risadas", como no famoso Friends.
Toma Lá, Dá Cá
teve um bom índice de audiência na sua estréia, mas é devido ao desgaste dos programas que o antecederam - A Diarista, antiga dona do horário, existe há quase quatro anos - e à evidente falta de uma criação realmente divertida nos últimos tempos, e aí eu nem entro no mérito das outras emissoras, já que a Globo ainda domina o gênero. A Grande Família consegue ser natural, na maior parte dos casos, mas já está perdendo a mão, ficando repetitiva e sem-graça. É um dos que mais durou.
As duas fracas atrizes principais e as situações impossíveis fizeram com que Sob Nova Direção fosse irritante desde o início. A Diarista não tinha mais o que inventar, apesar de seu começo irreverente, embora realmente curto. Só sobreviveu tanto porque contava com Cláudia Rodrigues e Dira Paes. O ator mirim David Lucas ganhava a simpatia e arrancava risos dos espectadores em Minha Nada Mole Vida, um sitcom que tinha seu valor, mas era fadado à saturação em pouco tempo. Zorra Total, que já é outro tipo de humor, não tem nem o que comentar, é absurdamente sem-graça, forçado e irritante, além de extremamente repetitivo.
Sobraram os mais antigos, dos quais cito três. Sai de Baixo, já mencionado, teve tempos muito bons, antes de se perder na falta de assunto. Começou realmente divertido, inovador, com um ótimo elenco, boas piadas e o toque do "ao vivo", mesmo que simulado - o programa era gravado com um público real, em um teatro, e depois editado -, que criava uma sensação de interação com o público. Sexo Frágil, mais recente, talvez contasse com a melhor equipe de todos, quatro excelentes atores encabeçando, mais uns ótimos coadjuvantes, como Zéu Brito. A idéia era muito boa, mas também padeceu com o tempo.
Mas o grande salvador era mesmo Os Normais. Contava com um roteiro muito bem elaborado, dois atores incríveis e um toque de ironia e sarcasmo, aliados a uma falta de vergonha constrangedora e muito engraçada. As situações inusitadas eram mesmo inusitadas, e a criatividade para criá-las parecia sem fim. Mas não lamento que tenha terminado, senão possivelmente teria entrado para a lista dos que não resistiram ao tempo. Afinal, esse é o grande mal do humor: quase sempre enjoa.

Um comentário:

Kauê disse...

humor é um troço complicado mesmo
quando é bem feito, dificilmente tem coisa melhor
mas é difícil demais de se encontrar comédias realmente boas

saudades do 'sai de baixo'
e de 'friends'
e da tv a cabo