domingo, 26 de agosto de 2007

Uma sessão de análise

Hoje acabou a terceira temporada de House, uma das várias séries que passam no Universal Channel. Ou melhor, acabou quinta, mas eu sempre assisto aos domingos, até porque não tem nada na TV aberta que preste, então para mim foi hoje. Para quem não sabe, House (Hugh Laurie, que fez o pai do Stuart Little) é um médico anti-social que acerta, de forma pouco ortodoxa, qualquer diagnóstico.
A professora Márcia Benetti uma vez disse no seu blog que o House era tudo o que uma mulher queria. Bom, eu não quero, não daria para agüentar aquele cinismo todo. Mas ah, não dá para confiar, a Márcia prefere o House do que o Chico!
Mas não vim falar da Márcia, e sim do House. Não o personagem, vim falar do seriado e do último episódio. House é divertido, mas não é só isso. Difícil explicar. Os diálogos, as histórias são quase uma sessão de análise. Sempre tem a história do paciente, e o House tentando salvá-lo com a sua equipe, paralela com a dos médicos. A cada episódio, um conflito diferente. E quanto conflito! Tem os médicos bonzinhos, que agüentam tudo e sempre obedecem, os também bonzinhos que questionam, e House. Se bem que qualquer um pareceria muito calmo ao lado do sarcasmo do House.
A história é complexa porque tem toda uma questão existencial. Quando eu vejo uma novela, sempre consigo prever como os personagens vão reagir a qualquer situação. Porque eles são sempre iguais, ou são bons ou são maus, são rasos. Espero não parecer idolatrando, mas nem o House nem a sua equipe são assim. Principalmente ele, que uma hora parece pouco se importar com a vida do paciente, e na outra fica arrasado se acha que não vai conseguir salvá-lo. Tudo bem que aí entra também o ego do doutor, ele não poderia admitir que perdeu. E ele nunca desiste, nunca perde.
Mas ainda assim ele não é feliz, vive sozinho no hospital, brigando com todo mundo. Às vezes, quando um dos outros médicos ou um paciente lhe fala alguma "verdade", parece que o doutor vai pensar na vida, refletir, mudar. Que nada, ele faz uma falsa cara de comovido e responde com uma ironia. Aliás, o melhor de tudo é a ironia, que às vezes cai para o tal sarcasmo que eu já falei.
Hoje, por exemplo, pareceu que seria a primeira morte do seriado, o primeiro caso perdido do House. Mas a mulher "ressuscitou", quando ele estava, por incrível que pareça, triste, desligando os aparelhos na frente do marido da vítima. Depois de soltar um "Cacilda" (e aí entra o problema da tradução. Não sei exatamente o que o médico falou em inglês, mas me diverti com o Cacilda), ele reclama de todos que atribuem o "milagre" a Deus.
- Por que Deus sempre leva o crédito quando algo bom acontece? Onde ele estava quando o coração dela parou?
E aí está um exemplo da reflexão existencial que aparece seguido na série, embora o tom tenha sido bem irônico. Com um procedimento simples, ele termina de salvar a vida da paciente. Enquanto isso, alerta o marido:
- Não quero ver você rezando. Quero ficar com o crédito dessa vez.
Agora não sei mais o que fazer nas tardes chuvosas de domingo. A terceira temporada vai ser repetida, e, apesar de o doutor e os outros médicos fazerem os 60 minutos de cada episódio passarem rapidinho, não sei se eu vou agüentar repetir a dose. Que venha a quarta temporada de uma vez.

2 comentários:

::Pensamentos Efêmeros:: disse...

Cara... O House era o pai do Stuart Little...

Paula disse...

Como tu colocou, House é bom por ser imprevisível (e domingo é dublado? Cruzes). Quem diria que ele ia perder a equipe toda, hein, hein. Já teve uma morte sim, um guri morreu de cancêr por usar um chaveiro radioativo. Uma série com diálogos do tipo "estou ocupado batalhando com deus" (tradução aproximada) merece respeito.